Categoria: Orgânica

Moléculas essenciais para a vida em meteoritos

fragmentos do meteorito
Fragmentos do meteorito Sutter’s Mill

Análises de fragmentos do meteorito batizado de ‘Sutter’s Mill‘, que iluminou o céu da Califórnia (EUA) no dia 24 de abril de 2012, foram realizadas e nestas os pesquisadores descobriram que moléculas orgânicas essenciais para a vida estavam presentes no material deste meteorito.
Meteoritos são fragmentos de planetas, poeira cósmica, asteroides… variam de tamanho e conseguem resistir à entrada na atmosfera terrestre, atingindo o solo. Alguns tipos de meteoritos, classificados como condritos carbonáceos, compostos orgânicos, inclusive do mesmo tipo de substâncias encontradas na Terra.
As hipóteses feitas até hoje sustentam normalmente que a origem da vida é baseada em evidências de que ela teria surgido em uma espécie de uma sopa “prebiótica” (que conteria elementos e compostos como: carbono (C), hidrogênio (H), potássio (K), amônia (NH3), nitrogênio (N2), magnésio (Mg) e água (H20)), sendo uma parte desses talvez trazidos por meteoritos.
Para Sandra Pizzarello, bioquímica e chefe de estudos da Universidade Federal do Arizona, em Tempe, comenta que “A sua composição sempre foi vista como uma indicação de que os precursores da evolução que levou às origens da vida poderiam ter vindo de material extraterrestre carregado em meteoritos”.
Pizzarello e seus colegas analisaram dois fragmentos do meteorito Sutter’s Mill, dissolvendo-os com solvente, e viram que aparentemente possuía poucos compostos orgânicos dissolvíveis comparando-o com outros meteoritos similares.

Alguns dos compostos encontrados no meteorito
estruturas moleculares de substâncias em meteorito

“Voce poderia dizer que isso foi uma decepção”, disse Pizzarello.
Contudo, os pesquisadores dissolveram fragmentos do meteorito em outras condições que imitam as fontes hidrotermais da Terra, que era o ambiente primórdio da Terra, o qual poderia ter surgido a vida. Através destes aspectos, foi visto que nessas condições um tanto diferentes os fragmentos liberaram moléculas orgânicas que não haviam sido detectadas em meteoritos similares. O estudo comprovou que há muito mais material orgânico disponível nos meteoritos do que os cientistas pensavam.
“o que pode ser bom para um propósito, porque eles podem atuar como cápsulas rudimentares que conteriam compostos úteis na evolução prebiótica,” comentou Pizzarello.

Artigo original sobre o meteorito:
Processing of meteoritic organic materials as a possible analog of early molecular evolution in planetary environments
Sandra Pizzarello, 15614–15619, doi: 10.1073/pnas.1309113110

Texto escrito por Bruna Lauermann.

Fedor da França… ou apenas mercaptanas

Martyn com jaleco vermelho explicando
Sir. Martyn Poliakoff conta que um pequeno vazamento ocorrido em uma unidade produtora de mercaptanas, em uma cidade francesa, causou pânico em moradores nas redondezas.
As mercaptanas, ou tióis (-SH) como os químicos preferem, são adicionadas ao gás de cozinha para dar cheiro forte ao produto. O gás de cozinha é naturalmente inodoro e vazamentos não seriam prontamente percebidos se não fossem adicionadas essas mercaptanas fedidas.
O ingleses, vizinhos da França, também sentiram o cheiro forte e os jornais britânicos aproveitaram para tirar um pouco de sarro ao comentar sobre o ‘fedor francês’.
O produto tem um cheiro tão forte que o Professor preferiu não abrir o pequeno frasco contendo 2-metil-propanotiol. Não faria diferença pois não conseguiríamos ter ideia do fedor pelo vídeo. 🙂
O exato motivo pelo qual os tióis tem esse cheiro tão forte ainda não é bem entendido. E Martyn comenta no vídeo sobre algumas das diferentes teorias existentes para este fato.

O vídeo possui legendas em português. Ative usando o botão CC que aparece ao iniciar o vídeo.


E ainda mais fedorento que os compostos contendo grupos -SH (tióis) temos as substâncias que contém telúrio em sua composição. Veja mais sobre isso no texto ‘Bafo de telúrio’.

Texto escrito por Prof. Dr. Luís Roberto Brudna Holzle.

Neve falsa

Professor segurando uma corrente metálica
O polímero poliacrilato de sódio absorve água muito facilmente e o Professor Martyn Poliakoff utiliza um pouco desse material em pó para brincar de fazer algo que ele chamou de ‘neve falsa’.

No vídeo abaixo é visível que a absorção da água ocorre de forma muito rápida e com uma liberação de um pouco de calor, segundo o Professor Martyn. Seguida da explicação do motivo pelo qual o polímero consegue absorver tanta água tão rapidamente.
Com legendas em português. Ative as legendas usando o botão CC que aparece no vídeo.


Já fiz alguns testes com essas fraldas super absorventes. Não fiz de uma forma controlada e precisa (peço desculpas ao pessoal da química analítica 😉 ), mas posso dizer que uma dessas fraldas pequenas consegue absorver em torno de 900 ml de água. Claro que não seria nada confortável ter em contato com a pele uma fralda assim encharcada. Se você abrir uma fralda não encontrará o polímero poliacrilato de sódio puro, mas uma mistura dele com algodão.

No link abaixo veja um artigo que dá uma dica de um experimento com esse tipo de material
Polímeros superabsorventes e as fraldas descartáveis: Um material alternativo para o ensino de polímeros

Texto escrito por Prof. Dr. Luís Roberto Brudna Holzle.

Lança-chamas químico

chama azul em líquido queimando
O professor Stephen Liddle realiza um impressionante experimento utilizando dietil zinco; mostrando que o zinco está longe de ser um elemento chato.

estrutura do composto
Dietil zinco

Em um vídeo anterior a queima do dietil zinco resultou em uma chama com cor amarela, mas que na verdade deveria ser azul. Para minimizar a contaminação, o novo experimento foi feito com uso de uma seringa de plástico e filmado em câmera super lenta.

Simon Woodward, da Universidade de Nottingham, fala também sobre a descoberta do dietil zinco pelo pesquisador Edward Frankland e sobre o possível exagero na descrição da violência da reação do composto com a água.

Vídeo com legendas em português. Ative as legendas pelo vídeo no Youtube.

Texto escrito por Prof. Dr. Luís Roberto Brudna Holzle ( [email protected] ) – Universidade Federal do Pampa – Bagé.

De sabugo de milho a furfural

espigas de milho amarelas
O cheiro de uma colheita de milho lembra muito o odor do furfural. Algumas fontes descrevem como sendo um odor característico de amêndoas – o que não consigo confirmar por não conhecer o cheiro de amêndoas. Durante os processos laboratoriais envolvendo o furfural é possível também sentir um cheiro de milho queimado; e suspeito que isso tenha relação com a síntese de alguma outra substância semelhante ao furfural – talvez alguma oxidação.

Apesar de uma origem aparentemente inofensiva, o furfural apresenta uma certa toxicidade e algumas fontes indicam que a exposição crônica na pele pode aumentar a suscetibilidade à queimaduras por Sol (sem informar o motivo disto).

A síntese do furfural pode ser feita de maneira simples em um laboratório. Bastando usar sabugo seco de milho, ácido sulfúrico e sal (NaCl) (veja os detalhes em http://www.orgsyn.org/demo.aspx?prep=cv1p0280 ).

Texto escrito por Prof. Dr. Luís Roberto Brudna Holzle ( [email protected] ) – Universidade Federal do Pampa – Bagé.

Imagem em licença Creative Commons (by-nc 2.0), via Emily.

Fluoresceína sob luz ultravioleta

fluoresceína dentro de tubo de ensaio
A fluoresceína, especialmente na forma de seu sal sódico, chamado algumas vezes de uranina, é um composto químico que ao ser dissolvido em água e colocado sob luz ultravioleta emite uma coloração que fica entre o verde e o amarelo. O interessante é que quando está sólida, a fluoresceína tem uma cor vermelha bem forte, tornando o efeito de cores bem inusitado.

Por causa desse brilho intenso é de se esperar que a fluoresceína seja amplamente utilizada como corante. E na pesquisa científica pode ser utilizada como um marcador para ressaltar certas características de um material orgânico ou de fluídos de origem biológica, pois o composto pode se ligar e ‘marcar’ certas proteínas.

A dependência do brilho com a acidez do meio também permite criativos usos da fluoresceína na determinação do pH de uma amostra.

Vídeo com a adição de fluoresceína em água e etanol (vídeo sem legendas).

Texto escrito por Lígia Bartmer e Prof. Dr. Luís Roberto Brudna Holzle.